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MESMO NA PRIMAVERA, FACTOS SÃO FACTOS #05

Apesar de tudo o que já dei a conhecer nas quatro publicações anteriores, depois de um curto período de ponderação, voltei, na observação dos interesses superiores às pequenas querelas, para continuar uma luta que, para mim, não se trata de conseguir vitórias individuais. E porque o assunto das reformas nas nossas forças de defesa e segurança, estava e ainda está em debate, sobre isso, escrevi então o seguinte artigo de opinião:

AOS VELHOS CAMARADAS, NÃO BASTARÁ UMA SIMPLES REFORMA

Flaviano Mindela dos Santos

flavianomindela@hotmail.com

22.10.2010

Depois de tantas barbaridades políticas pós independência, alguns anos esta parte, na sequência das mesmas, fingimos acreditar que para o país possa avançar definitivamente, rumo ao pleno desenvolvimento, temos que empurrar para a reforma os nossos velhos camaradas, que por imperativos de vários factores desfavoráveis a eles em particular, mas paradoxalmente favoráveis a nossa triunfante libertação da humilhação colonial, não tiveram a oportunidade de aprender muito mais, para o pleno progresso da nossa sociedade, do que fazer o uso das armas. Eu explico.

Dos factores que acima quis referir, entendi precisar só de alguns detalhes desses, para reforçar a minha posição, sobre o assunto tão complicado, que é as reformas no nosso sistema de defesa e segurança:

Que a administração colonial nunca se preocupou de facto, com a educação, com a saúde e com o bem estar sócio cultural das nossas populações, todos nós sabemos; portanto, todos nós devemos deduzir que no interior do nosso território, (sendo a condição que mais interessa nesta contribuição) nem sequer existiam escolas básicas, como instrumento de aprendizagem, para uma melhor integração, na convivência entre cidadãos constituídos em agrupamentos institucionais, com grande importância para as instituições do Estado, ou seja, o próprio Estado, na sua vastíssima amplitude. O que restara a essa esmagadora maioria da nossa pacata gente, foi o conjunto dos limites das respectivas comunidades, e as suas tradicionais regras de funcionamento. Só para lembrar algumas das mais fundamentais dessas regras, menciono as que determinam o quanto tudo deve obedecer os rígidos ensinamentos dos nossos antepassados; as que determinam o quanto os mais novos, não devem de maneira alguma, ultrapassar a iniciativa dos mais velhos, sobretudo nas decisões susceptíveis de perturbar a doutrina comunitária; as que determinam o quanto os relacionamentos de pertença, acabam por suplantar todos os outros compromissos; ou as que determinam o quanto os sinais de grandes mudanças, quase que nunca devem ser bem vindos… E aqui se quisermos, podemos identificar um dos maiores entraves, a tal ansiada reforma nas nossas forças de defesa e segurança!

O envolvimento na gloriosa luta armada de libertação nacional, não foi assim concretizada da mesma maneira por todos os nossos camaradas, como aparenta.

– Houve os que a partir de um certo momento, ganharam uma consciência patriótica, descobrindo que são capazes de dirigir e fazer parte de um povo livre, circunscrito num território livre.

– Houve os que foram consciencializados pelos primeiros, e optaram por envolver na luta armada de libertação nacional, encarando todas as suas consequências.

– Houve os prevaricadores de várias índoles, inclusive criminosos de sangue, que para fugirem as autoridades coloniais, aproveitaram a camuflagem da noite, para passarem para o lado da resistência, e ainda hoje incorporam um grosso quinhão das milícias na nossa sociedade.

– E por fim houve os que pela estratégia da guerrilha, na procurar de uma retaguarda  segura no interior do nosso território, sentiram apanhados de surpresa nas suas rotinas rurais, sem muitas alternativas, tiveram que suportar e servir a causa da nossa independência. São justamente os sobreviventes desses últimos camaradas, que hoje acabaram por constituir substância da maioria dos visados das reformas. Esses que antes, só souberam transportar um modo elementar de estar na vida comunitária, para se integrarem de pés descalços como combatentes na luta armada de libertação nacional; como tal, foram obrigados a assimilar as extremas regras da disciplina militar, onde o cumprimento duma ordem superior, chega a ser uma missão mais que sagrada, e assim tomaram os primeiros e os únicos contactos estruturados com o Mundo.

Fui mobilizado para as nossas forças armadas nos finais dos anos oitenta, com mais um significativo grupo de colegas, logo depois de terminarmos os estudos liceais, com o propósito que tanto nos entusiasmou, da necessidade de requalificar o pessoal militar. Servi como um dos assessores no gabinete do Chefe de Estado Maior de Exército, e mais tarde, servi como desenhador nas Operações do Estado Maior General das Forças Armadas, para testemunhar o suficiente, sobre os avanços e recuos nas diligências reformistas, em que pelas consequências de planos mal elaborados, e da hipocrisia duma determinada cúpula, os destinados às reformas, deveriam ser uns supostos dissidentes do regime. Facto que como é óbvio, acabou por ditar quase todos os adiamentos, para conhecermos todas as extravagantes amarguras dos últimos anos.

Vou dizer que concordo com a facilitada ideia da necessidade duma reforma urgente nas nossas forças de defesa e segurança. Mas permitam-me a redundância de lembrar que devemos avançar em primeira instância, com toda a prudência, de maneiras a que ninguém se sinta os incómodos da perseguição política.

Tendo em conta o que até aqui pretendi evidenciar, para melhor reconciliarmos com a nossa história, enfrentando na mesma a implacável realidade das reformas, devemos procurar corrigir os passos, através de equações mais eficazes, como por exemplo, a criação de uma entidade com especialistas credíveis, para o acompanhamento personalizado dos reformados, na aplicação dos seus rendimentos, e deixarmos de os disponibilizar de olhos fechados, quantidades de dinheiro fresco, que como tem acontecido, partem logo para investimentos fúteis, tais como: construção de casas enormes para família, mas tão frágeis para resistirem duas épocas de fortes chuvadas; aquisição de viaturas para transportes urbanos tão corroídas, que não conseguem assegurar a devida manutenção por uns meses; ou ainda lembrarem-se de pôr em dia todas e mais algumas cerimónias tradicionais, sobretudo as dispendiosas cerimónias fúnebres de parentes falecidos a muitos e muitos anos passados, e depois de tudo, voltarem de seguida à miséria dos dias que correm, para continuarem a existir como potenciais perturbadores da ordem democrática.

Outra das equações que julgo por bem debatermos, como forma de fazer justiça a uma certa geração dos mais sacrificados durante a nossa luta de libertação nacional é, com alguma fracção dos financiamentos disponíveis para as reformas, a instituição de um fundo de assistência, com rigorosos critérios de beneficência, para apoiar na educação e saúde dos filhos, – o que deverá revelar tarde demais para esses – assim como também para os netos de todos os devidamente autenticados antigos combatentes, pela liberdade do nosso território, proporcionando-os razoáveis qualificações académicas, com uma aposta fundamental nas formações de natureza profissionalizante, para que possam alcançar melhores patamares à nível remuneratório.

Reparem que com isso também, tendo em consideração os amplificados mecanismos da nossa tradicional solidariedade familiar, poderemos estar no mínimo, ainda que no final de todas as contas, a garantir uma velhice menos desconfortável, aos nossos velhos camaradas de armas.

Ah! Uma das fundamentais medidas legislativas que essa reforma devia englobar, é a que poderá limitar no tempo, o exercício nas funções de topo das chefias militares. Será uma forte possibilidade de evitarmos a tendência de candidaturas e nomeações musculadas, e com base na intriga, as tentativas de eternizar.

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

Flaviano Mindela dos Santos

Mas infelizmente, os problemas que me preocupavam no espaço CONTRIBUTO continuaram e, agravavam de uma maneira ou de outra, que acabei por, lamentavelmente, abandonar, para mais tarde, passar a publicar no blog: Ditadura do Consenso, até que um dia, o fundador e editor desse, António Aly Silva, emitiu um comunicado no mesmo espaço virtual, para dizer que, decidiu deixar de publicar artigos de opinião, durante um certo tempo. E como esse momento, coincidiu com uma fase de muitas agitações políticas na vida do país, em concertação com Jorge Herbert, seguimos para a criação deste blog, de nome: SIMINTERA.

Aproveito aqui, para salientar e, mais desta vez, agradecer, a genuína prontidão do editor do Ditadura do Consenso, o meu controverso e bom amigo António Aly Silva, em divulgar no seu espaço, a nascença no dia da nascença do SIMINTERA, para o conhecimento de um vastíssimo número, dos seus leitores.

Sendo que muitos dos leitores que sempre me acompanharam, assim como certos dos que só com o aparecimento do SIMINTERA começaram a acompanhar-me, enquanto articulista interventivo, não são amigos meus no facebook, a rede social onde também ficou patente parte das tais insinuações do Fernando Casimiro, que considero infundadas, por serem passíveis de manchar a minha integridade moral, na luta que escolhi, vou por fim, procurar os situar, no propósito chave, dessa minha necessidade de esclarecimento.

PRIMAVERA #05

Como é normal, na nossa página pessoal de facebook podermos partilhar algo do nosso agrado, com os que fazem parte dessa mesma rede social, sejam eles pertencentes à lista dos nossos amigos ou não, entendi partilhar na minha página, a citação abaixo, da autoria de João Galvão Borges, que encontrei deixada em jeito de comentário, na página do Fernando Casimiro, ambos amigos meus no facebook, porque achei-a habilitada de autonomia suficiente, para merecer qualquer outro lugar:

Se no quadro da liberdade de expressão e segundo a constituição que garante que esse “exercício não pode ser impedido ou limitado”, então quer dizer que se esse exercício não pode ser limitado… um cidadão pode gratuita e impunemente insultar ‘gregos e troianos’. Quero crer que se pretende adulterar o conceito de liberdade de expressão bem como a de outras formas de liberdade. Liberdade sem limites, sem normas e sem fronteiras, tem uma nome: ANARQUIA!

João Galvão Borges

Foi desse meu simples exercício da liberdade de expressão, que Fernando Casimiro encontrou um motivo, para ir à minha página, reclamar “posse” do referido comentário, ao ponto de, com a entrada de mais pessoas, despoletar uma acesa troca de palavras. E preferi suprimir outras mais intervenções na sequência, para trazer aqui à vossa consideração, uns extractos, do que dessa troca de palavras, julgo importar, para a conclusão do esclarecimento que pretendo cabal:

Eduardo Monteiro Dadusco Muito bem dito Flaviano, o país mudou e a sua gente tem que cultivar valores da cidadania, liberdade ou libertinagem .

Flaviano Mindela Dos Santos A autoria da afirmação é do tio João Galvão Borges!

Eduardo Monteiro Dadusco É exactamente isto

Fernando Casimiro Meus amigos, desculpem lá, mas sobre esta questão do nosso compatriota João Galvão Borges, importa igualmente partilhar o comentário que fiz a propósito, até porque quem partilhou o assunto para esta referência temática, fui eu e o objecto da questão é a Constituição da República Portuguesa e não a Constituição da República da Guiné-Bissau!

Fernando Casimiro Aqui fica o comentário: Fernando Casimiro Caro mano mais velho João Galvão Borges poder insultar, agredir, ou até matar outro, qualquer um pode e isso creio que todos sabemos que não há nenhum mecanismo material ou formal que possa impedir esses actos. Porém a Constituição é clara sobre as infracções cometidas no exercício da liberdade de expressão, o mesmo se pode dizer para casos de assassinatos, que ficam submetidas aos princípios gerais do direito criminal, o que quer dizer que nenhum acto desta natureza está legitimado na Constituição nem sequer é impune perante a lei. Abraço

Fernando Casimiro Agora pergunto, sobre sites e blogues guineenses, o que entendemos por liberdade de expressão, o que entendemos por insulto, calúnia, difamação, etc., etc., O Presidente do PAIGC nunca usou o espaço virtual para, sob anonimato ou com pseudónimo atirar-se a este o áquele…? A actual Ministra da Justiça da Guiné-Bissau, nunca utilizou o espaço virtual, como anónima ou com pseudónimo, para insultar este ou aquele…? O blog Simintera, nunca publicou textos insultuosos sobre este ou aquele, como outros blogues e sites, incluindo o site www.didinho.org ?!

Foi a partir desta que Jorge Herbert, o meu companheiro do SIMINTERA sentiu-se chamado ao debate. Mas entendi não precisar colocar aqui as suas intervenções.

Flaviano Mindela Dos Santos Fernando, partilhei o comentário do meu tio João Galvão Borges, por achar que, apesar de estar relacionado com o teu post, é autónomo. Mas fizeste bem em contextualizar.

Fernando Casimiro Cada vez percebo menos se há ou não uma cultura de cidadania na Sociedade guineense

Flaviano Mindela Dos Santos Qualquer sociedade tem uma determinada cultura de cidadania.

Para Fernando Casimiro, que chegara severo a minha página, para reclamar um direito supostamente seu, evitando nas suas primeiras intervenções, mencionar o meu nome, depois de ouvir coisas que o desagradaram, vindos de outra pessoa, passei a ser, ou voltei a ser: Caro irmão…

Fernando Casimiro Caro irmão Flaviano Mindela Dos Santos, a página é tua mas o comentário aqui partilhado provém de um comentário publicado na minha página. Agradeço que de uma amizade, a nossa amizade, nós que fomos desde a primeira hora pioneiros da cidadania, do debate virtual, de ideias e opiniões; para depois enquanto parte comum do Projecto CONTRIBUTO por mim criado, sermos companheiros inseparáveis no dia-a-dia sobre a causa guineense, não permitas a sustentação de ódios à minha pessoa nesta tua página, pois não responderei a isso, lá está, a questão dos direitos em nome de uma “liberdade de expressão” e da ética, que não me permitem responder à letra certos comentários. Admira-me que pessoas que se identificam como intelectuais, tentem desprezar, menosprezar alguém, como eu, humildemente falando, mesmo que, discordando da minha forma de pensar. Será que eu é que sou iletrado funcional; arrogante etc., etc. Caro irmão Flaviano Mindela Dos Santos se permites excessos de pessoas que se dizem teus amigos, na tua página pessoal do Facebook, contra outra pessoa que conheces, com quem já “trabalhaste” e que também é teu amigo, mas que não ofendeu, não insultou ninguém na tua página, então algo não está bem e creio que nada tens contra mim para que permitas que outros interesses tentem prejudicar a minha imagem e pessoa precisamente na tua página. Obrigado pela compreensão. Didinho

Flaviano Mindela Dos Santos Fernando, antes de mais, está em debate justamente, a liberdade de expressão. De seguida, todos os protagonista em causa, estão devidamente identificados. E presumo que sejam pessoas adultas e, conhecem muito bem, os limites que as leis impõem à liberdade de expressão.

Fernando Casimiro Tudo bem Flaviano Mindela Dos Santos, obrigado pela resposta e pela consideração. Continuem pois, com o vosso debate, sendo pena que não tenha sido promovido por iniciativa vossa, mas sim, por aproveitamento da partilha de um comentário de um tema que eu partilhei! Obrigado!

Flaviano Mindela Dos Santos Fernando Casimiro, como bem sabes, este tema nunca deixará de ser uma propriedade universal. E por acaso, está em largo debate, por esses dias, na sociedade guineense.

Fernando Casimiro Espanta-me que ninguém tenha ido buscar esta matéria à Constituição da República portuguesa, e agora ser partilhado na tua página, com argumentos disto ou daquilo, francamente, Flaviano Mindela Dos Santos Tenho pena e lamento muito que os guineenses continuem divididos por razões ideológicas por um lado e, por conveniências, conivências/cumplicidades, por outro, em nome de interesses pessoais e não do Interesse Nacional! Didinho

Flaviano Mindela Dos Santos A universalidade do tema em todos os seus aspectos, não permite o reduzir a uma constituição ou outra.

Fernando Casimiro Ok. Só falta dizer que não foi preciso o comentário do João Galvão Borges para se iniciar este debate…

Fernando Casimiro Ah! Guineenses, como somos ingénuos…

Flaviano Mindela dos Santos

MESMO NA PRIMAVERA, FACTOS SÃO FACTOS #04

PRIMAVERA #04

Por razões óbvias, ou talvez óbvias, decidi rebater directamente, só o tal artigo do Gustavo Gomes, na esperança de também por essa via, conseguir contribuir, naquele momento crítico, para que os debates voltem a centralizar, no essencial dos seus propósitos. E para garantir que da minha parte, sempre prevalecerá um espírito olímpico na causa, escrevi assim no texto que se segue:

DAS MINHAS VERDADES  ÀS VERDADES DA HUMANIDADE

Flaviano Mindela dos Santos

flavianomindela@hotmail.com

01.09.2010

Antes de mais, na posição do leitor de todos os dias, aproveito para dirigir os meus agradecimentos ao compatriota Gustavo Gomes, pelas suas requintadas contribuições, que vieram sem quaisquer dúvidas, acrescentar mais qualidades ao espaço. Foi mesmo um dos mais favoráveis acontecimentos nos últimos meses, nessa convivência virtual, entre os guineenses espalhados pelo mundo.

Quando disse que sou um homem relativamente livre, a viver numa sociedade relativamente livre, foi também para deixar claro que sou parcial. Imparcialidade para mim, não passa de uma fantasia ocasional, que ninguém sabe sequer, como usar, mas que todos gostam de ostentar em público.

Como um bípede sociável, vivo na busca da melhor satisfação conjugada, dos meus interesses individuais, familiares e nacionais, que de modo similar, encontram limites naturais e legais, nas suas relações com os outros interesses. Por tudo isso, perante a dureza da vida, não tenho que vacilar, na preferência do medíocre no lugar do mau, desejando e contribuindo para a devida ascensão do melhor; perante a dureza da vida, não tenho que vacilar, na preferência do excelente no lugar do bom, desejando e contribuindo para a devida ascensão do melhor.

Os que acompanham as minhas raras intervenções, também na secção dos comentários, sabem que em algum momento, já fiz saber aqui neste espaço que, sendo um defensor do primado da verdade, também tenho para mim, que as verdades de hoje, para nunca passarem às mentiras de amanhã, devem submeter àquela verdade de todas as verdades, que é o reconhecimento de uma genuína hierarquia das verdades.

É uma verdade a verdade do passado, mas é mais verdade a verdade do presente.

É uma verdade a verdade individual, mas é mais verdade uma verdade colectiva.

É uma verdade a verdade de um povo, mas é mais verdade a verdade de uma nação.     

Para mim, como para muitos estudiosos, o factor que determina, mais do que todos os outros que constituem a soma do resto, o desenvolvimento sustentado de qualquer sociedade, nos moldes padronizados pelas vincadas influências ocidentais, no passado, através da expansão colonial repressiva, e agora, através da difusão global democratizada, é o homem bem instruído. Admitindo obviamente, que esse factor não será o único, e nem deve continuar a servir de eternas desculpas, para os nossos males, importa salientar que:

Na sociedade cabo-verdiana dos tempos coloniais, as autoridades procuraram sempre, a melhor maneira de providenciar uma instrução condigna, à mais colonizados possíveis.

Na sociedade guineense dos tempos coloniais, as autoridades procuraram sempre, a melhor maneira de recusar uma instrução condigna, à mais assimilados possíveis.

Na sociedade cabo-verdiana dos nossos tempos, as oportunidades carregadas pelas ondas da globalização, facilitam a valorização dos homens bem instruídos.

Na sociedade guineense dos nossos tempos, as oportunidades carregadas pelas ondas da globalização, facilitam a corrupção dos homens bem instruídos.

Só para adicionar mais esses dois simples dados históricos, quiçá sem relevância prática, no decurso acelerado dessa quarta grande revolução social, em que tudo deverá primeiro acontecer dentro de nós, para depois aparecerem os resultados desejáveis, e que eu prefiro portanto chamar de uma Revolução Silenciosa.

O ensino secundário foi estabelecido oficialmente na sociedade cabo-verdiana, no ano de 1861, com a inauguração do Liceu Gil Eanes, na Cidade da Praia.

O ensino secundário foi estabelecido oficialmente na sociedade guineense, no ano de 1958, com a inauguração do Liceu Honório Barreto, na Cidade de Bissau.

Quis situar a minha preocupação sobre as atitudes em concreto, das nossas rádios, no texto anterior, estabelecendo somente um paralelo, sem nunca querer confundir isso, com as críticas legítimas, embora no recurso desproporcional de uma linguagem por vezes violenta, que temos usado aqui neste espaço. Tanto assim que, no conhecimento de que do outro lado, devo contar com milhões de leitores, cada um, com as suas ferramentas diferentes, e que as utilizam de maneiras diferentes, optei por uma caixa, para balizar a abordagem dessa autêntica afronta às pessoas e ao nome das famílias. No entanto, foi com grande surpresa, que constatei o facto de que justo o Gustavo Gomes, não conseguiu apalpar essa blindagem.

O que vai acontecendo com essas denúncias nas nossas rádios, não tem muito haver com as merecidas críticas aos criminosos, e nem tão-pouco, com um exercício correcto de justiça, mas sim, vão valendo como motivação à vulgarização da violência, através das mentiras improváveis, através das calúnias invejosas, assim como através das acusações injustas!

Quando alguém recorre aos serviços duma determinada rádio, para alegar que outrem o deve uma certa quantia em dinheiro, cuja parte até usou na compra de uma viatura, que ofereceu a respectiva esposa, os responsáveis dessa rádio, pelo menos, antes de autorizarem a difusão dessa versão dos factos, devem procurar uma confirmação credível. Agora veicular de prontidão uma notícia difamatória, sem que isso seja baseada numa sentença judicial, é evidentemente uma agressão à integridade moral do denunciado, e injusto para com todos os seus familiares.

O fundamento da justiça, apesar de ser um dos mais fundamentais valores humanos, portanto, caracterizado pela sua relativa cegueira, é procurar e encontrar um ponto de equilíbrio, na resolução dos incessantes conflitos de interesses nas sociedades. Não é nunca, impor prejuízos absolutos aos culpados, e promover benefícios absolutos aos lesados. E isso meus caros, porque é de todo impossível, umas supostas instituições judiciárias operarem em pleno, ao nível de poderem reparar os danos morais, duma calúnia, para mais, divulgada em massa. O razoável, é implementar medidas preventivas, para travar essas práticas maldosas, poupando assim no esbanjamento dos recursos, e na prevenção da medonha violência física.

Como é de primeira página nas cartilhas do Direito, nenhuma justiça nesse mundo, conseguirá consertar o âmago dos prejuízos morais, que sempre acompanham, qualquer tipo de agressão.

Para o amplo funcionamento de todas as instituições democráticas, na nossa sociedade democratizada, é um imperativo, começarmos por saber distinguir as verdades matemáticas, essas sim, cuja os alicerces assentam na douta lógica do facto, das verdades sociais, essas não, cuja os alicerces assentam na sagrada valia da equidade!

Para acabar, Caro Compatriota Gustavo Gomes, sendo eu um dos “velhos combatentes” nesse famigerado campo de batalha virtual, não tenho nada e nada mesmo a dizer, sobre a última parcela, desse seu artigo de críticas bastante bem encaixadas.

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar

Flaviano Mindela dos Santos

E o administrador Fernando Casimiro, veio então rematar nos seguintes termos:

 
HÁ QUE TER POSTURA!

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

03.09.2010

Não percebo como é que os guineenses falam tanto de Justiça, quando não sabem ou fingem não saber distinguir, num problema, quem tem razão e quem é culpado.

Os guineenses continuam a querer dar-se bem com todos na “Hora da Verdade”, esquecendo-se que um dos pressupostos da Justiça, o objectivo principal da Justiça é encontrar culpados e sentenciá-los, ou inocentes e ilibá-los.

Fazer de conta que não há culpados é estar a ser injusto com uma das partes, pois certamente uma delas terá razão e outra culpa.

Sei que custa a muita gente distinguir quem tem ou deixa de ter razão, por vários motivos, mas no meu caso concreto, volto a dizer o que já disse em tempos: CULPEM-ME, responsabilizem-me se entenderem que fui o culpado de algum problema estrutural ou de relacionamento no site www.didinho.org.

De igual forma, CULPEM ou responsabilizem todos aqueles que por interesses mesquinhos pretendem a todo o custo desgastar a minha imagem e posição no Projecto CONTRIBUTO.

Não sou mais nem menos que ninguém, mas volto a exigir mais consideração pela minha pessoa, nas comparações/paralelismos (sem arrogância ou complexo de superioridade em relação a quem quer que seja), que têm sido feitos com base no que cada um produz no site www.didinho.org, quando muitos dos que fomentam polémicas apenas pretendem protagonismo, optando por confrontos. Alguns até estão entre nós como “infiltrados”, na tentativa de destruírem todo um trabalho que não conseguem fazer.

Por colaboradores do site www.didinho.org já passaram muitos governantes e políticos, de forma anónima, claro; familiares de governantes e políticos. Todos motivados pelos seus próprios interesses ou dos seus partidos e não pelos interesses do povo guineense e da Guiné-Bissau. Lidei com todos, conheço-os todos. Acabaram por ter que se ir embora do nosso site, pois aqui, sabemos o que queremos por estarmos comprometidos com a Guiné-Bissau e não com partido ou fulano A, B ou C!

O nosso trabalho não acabou por eles se terem ido embora; criamos regras no sentido de deixar de haver colaboradores anónimos ou a escrever com pseudónimos, a menos que o Editor do site se responsabilize pelos seus artigos de opinião, para que o nosso site passasse a ser mais responsável e a ter mais credibilidade.

Tudo o que temos feito tem sido para melhor servirmos a Guiné-Bissau, os guineenses e todos aqueles que nos procuram diariamente, mas também, para que haja respeito, consideração e compreensão pelo nosso trabalho!

O Didinho não pode ser refém da obra que criou, permitindo que cada um o trate como quer e apetece.

Por saberem que não fica bem haver “confrontos” no site, mas sabendo que alguém tem que dar a cara pelo Projecto CONTRIBUTO, pelo site www.didinho.org alguns optam por provocações ao primeiro reparo que o Didinho lhes faz e de forma justificada sobre algo que tem a ver com as regras do site, pois fazer frente ao Didinho começa a ser uma das mais “rentáveis”  formas de auto-promoção…

Depois, é o que se sabe, do posicionamento tradicional guineense: “Didinho e fulano, vejam lá se se entendem…”

Foram 7 anos de insultos e ameaças de toda a espécie! Hoje que o caminho está desbravado (onde estavam os actuais protagonistas?); que há um site sobre a Guiné-Bissau que dá voz a todos, que divulga a Guiné-Bissau como mais ninguém faz, que tem expressão/alcance internacional, surgem uns tipos “armados” em doutrinadores, querendo impor as suas regras e exigências a quem lhes deu espaço e voz neste nosso site!

Escrevam sobre o que quiserem; ajudem a sensibilizar e consciencializar o povo guineense, mas não me venham dar lições sobre esta grande experiência de vida colectiva virtual que eu próprio decidi viver e partilhar com todos!

Aceito sugestões, novas ideias e conselhos, mas, por favor, dispenso lições sobre o que quer que seja referente ao que existe no site www.didinho.org!

Não me dêem lições sobre o que pensam ser melhor para o site www.didinho.org criem, com as vossas capacidades, estruturas idênticas com as inovações que tiverem em mente, para que haja (para além do www.didinho.org) mais e melhores espaços de referência sobre a Guiné-Bissau. Já ficaria encantado e agradecido por ver criadores e não destruidores!

Frequentemente, pergunto a mim mesmo como é que os guineenses querem ter estruturas organizadas, funcionais e prestigiadas, quando não se identificam com princípios e valores que possibilitam detectar onde está o mal; quem faz o bem; quem se dedica a construir; quem apenas pensa em destruir etc., etc.

Como é possível caminharmos juntos quando uns querem e optam pelo Bem, enquanto outros querem e optam pelo mal?!

Com o decorrer dos anos, com as adversidades que se nos têm deparado, conhecendo mais e melhor as pessoas à volta deste Grande Projecto CONTRIBUTO (salvaguardando na devida proporção a comparação), procuro imaginar tudo o que Amilcar Cabral deve ter passado, tudo quanto deve ter sofrido durante os anos em que dirigiu o PAIGC e a Luta de Libertação Nacional…

O inimigo, muitas vezes está no nosso meio, disfarçado, convivendo connosco, sem darmos por isso… Amilcar Cabral foi morto pelos seus próprios “irmãos”…

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Fernando Casimiro

Flaviano Mindela dos Santos

MESMO NA PRIMAVERA, FACTOS SÃO FACTOS #03

Nota prévia:

Esta publicação, para além das partes introdutórias, tem no seu conjunto três artigos diferentes, mas com necessária relação. Portanto, para algumas pessoas, pederá ser considerada  muita matéria para ler.

As vicissitudes políticas na Guiné-Bissau, com as conhecidas consequências sociais, sempre graves, e a qualidade na exposição das diferentes ideias e da intensidade dos debates, aliadas aos melhoramentos na dinamização da plataforma, implementados pelo administrador, foram permitindo um rápido crescimento na aderência ao projecto CONTRIBUTO, de muitos mais guineenses, assim como, alguns interessados, de outras nacionalidades.

PRIMAVERA #03

Todos juntos, através da escrita partilhada, quilómetros e metros de enriquecedoras ideias construímos ao longo dos anos, com uma tentativa, por iniciativa do administrador, entretanto adiada, de transformar o projecto numa associação, até que num certo momento, quando no lugar da saudável confrontação de ideias, com base na simples divergência de posicionamentos, começaram a surgir em crescendo, confrontações de cariz pessoal, com cargas extremamente emotivas, e algumas vezes, envolvendo o próprio administrador, que, de tão desgastantes que estavam a ser, a roçarem mesmo níveis de humilhação entre os pares, julguei pertinente escrever o seguinte artigo:

DAS VERDADES AO FUNDAMENTALISMO DA VERDADE

Flaviano Mindela dos Santos

flavianomindela@hotmail.com

22.08.2010

Como com alguma surpresa tem acontecido, desde que optei por uma prolongada pausa na publicação dos artigos de opinião, através do meu correio electrónico ou por fala, mais uma pessoa, um jovem estudante em Bissau, acabou de manifestar a sua atendível preocupação em relação ao trivial facto, que desta vez, coincidiu com uns dias de férias. E num raro exercício de sinceridade entre nós os guineenses “civilizados”, fez-me saber que aprendeu muito, e que ainda gostaria de continuar, ao longo da sua esperada e interminável aprendizagem, (palavras do interlocutor) puder contar, com o conteúdo dos meus textos. Louvados sejam os espíritos dos meus antepassados!

Entre lote dos diferentes leitores que me têm contactado, inclusive os de outras nacionalidades, só para distingui-los dos de maioria nacionalidade guineense, contam alguns adultos, certos deles, personalidades com reconhecidas capacidades e competências intelectuais, das quais nutro uma enorme simpatia e admiração, assim como muitos jovens, sobretudo estudantes, ansiosos por encontrar figuras exemplares, como alvo de referência, na nossa famosa sociedade, a suportarem dificuldades óbvias no país e no estrangeiro, mas determinados perante os desafios inerentes à procura de um futuro próspero. E estou agora a contar isto tudo, sem que alguém me tenha perguntado, porque fizeram-me afinal despertar, para o obrigatório reconhecimento, do potencial significado, das nossas responsabilidades, enquanto participantes, no papel de colaborador, ou no papel de comentador, neste espaço de liberdade. Por falar nisso: toda a liberdade sem a sua correspondente medida de responsabilidade, é sinónimo de banalidade, ou coisa parecida com barafunda.

Mas antes de recomeçar a libertar mais, do que me vai na alma, – Sou um homem relativamente livre, a viver numa sociedade relativamente livre! – vou cumprir o dever cívico, de esclarecer aos leitores em geral, dois dos motivos, do meu afastamento temporário.

Para pôr freio nalguma especulação maldosa, além do tipo de actividade da minha empregadora, que me deixa uma margem muito reduzida, para sustentar os vícios favoritos, também estou numa fase de contenção das vontades, para as concentrar na conclusão de um projecto literário.

Se por ventura existirem mil e uma afirmações, capazes de acolher uma larga concordância, entre as várias sensibilidades especializadas na nossa sociedade, ainda que seja só no subconsciente dos seus elementos, numa certeza relativa, garanto que uma delas, será de que este bem organizado espaço cibernético, para cima ou para o baixo, conquistou por mérito próprio, um lugar na agitada evolução histórica dum país, que responde pelo nome de Guiné-Bissau. Aliás, este espaço passou de alguma maneira, a constituir um polivalente instrumento, e ao mesmo tempo, um meio de estudo, para qualquer interessado nos assuntos do nosso país. E mais do que isso, para situarmos no actual contexto da globalização, assumo a asneira de que transformou-se num dos principais, se não mesmo o principal rosto, de toda uma sociedade guineense, perante o imenso resto do mundo. Sendo assim, será uma questão de honra, preservarmos a dignidade de todos os colaboradores e comentadores deste espaço, assim como também, será uma questão de honra, preservarmos a dignidade que é comum à toda sociedade guineense, se abandonarmos de vez, àquelas  polémicas de bolso, que têm causado sérios desgastes, profundos desagrados, e definitivos afastamentos de alguns dos melhores analistas sociais da nossa órbita, (não quero saber das suas ambições e pretensões políticas) até de outros tantos que acediam à página, só para desfrutarem de uma boa leitura.

Para muitos, será algo escandaloso, para outros deve roçar mesmo uma aberração, mas para mim, a fase de vida que a Guiné-Bissau atravessa neste momento, enquanto país, é comparável a fase da infância, nos humanos. As vicissitudes que estamos a enfrentar, de maneira similar, muitos outros, entre os países hoje com sociedades consideradas das mais avançadas, também conheceram períodos muitíssimos conturbados, durante os seus primeiros anos. E em alguns dos casos, esses períodos duraram até mesmo séculos, nas vidas desses países. É preciso sabermos separar as circunstâncias, aceitarmos essas no conjunto, como factos próprios da nossa realidade, para melhor compreendermos os vários momentos da nossa história. Reclamarmos aos berros por uma vivência plena de florescimento hoje, agora e já, é pura ingenuidade em alguns casos, e teimosa hipocrisia noutros casos. A missão que nos calhou, pela vigorosa determinação dos tempos, só poderá ter a sua digna recompensa, numa sociedade a ser melhorada, de maneira progressiva, na perspectiva de um futuro acolhedor, para os nossos filhos, e os nossos netos. Jamais deixarei de repetir essa convicção! Isso vamos conseguir, com serenidade na ocasião de reconhecimento das nossas debilidades, com união para superarmos essas debilidades, e com o uso da razão, salpicada de humanismo, para uma partilha equitativa das vantagens. Não vamos  conseguir isso nunca, facilitando a violência verbal espontânea, através de acusações inconsequentes, insultos simulados, e calúnias corroídas, como por vezes tem sido pratica neste espaço, o que tenho constatado e lamentado, como pretexto para combatermos o perigo de institucionalização da violência física, reiterada nas lutas pelo poder, numa cumplicidade entranhada, entre os políticos e os militares.

Agora de repente surgiu-me no pensamento, a galopante falta de algum pudor, que no país se deixou instalar, quase de uma forma generalizada, em que as várias antenas radiofónicas, que pelas suas capacidades de numeroso alcance populacional, desempenham um papel hediondo, nesse absurdo, – enquanto os supostos aplicadores das leis, andam de bem com a vida, a distribuírem sorrisos amarelados – servindo para divulgar, mediante um preço acessível aos desgraçados, grandiosas quantidades diárias de acusações, falsidades e calúnias, contribuindo assim, para alimentar e engordar, a nossa adjectivada apetência pela violência.

Porquê que parte da receita, na difusão massificada de violência verbal, deve servir para garantir com prazer o nosso salário, como profissionais da comunicação?!

Porquê que temos de sentir satisfeitos, quando violentamos a integridade moral de alguém?!

Porquê que o nome das famílias, não deve merecer protecção, quando o denunciado tenha actuado só, e provavelmente, em benefício próprio?!

Porquê que a humilhação pública de fulano tal, deve servir para aliviar um pouco das nossas angústias?!

Faz algum sentido, contribuirmos para propagação da violência, e quando essa chegar aos canos das armas, descobrirmos os culpados?!   

Que tal concordarmos que somos todos violentos, por isso constituímos uma sociedade violenta, e juntos procurarmos então eliminar as causas dessa imperfeição, e deixarmos de atribuir o defeito aos outros?!

Voltando ao rigor do fio esticado a partir do título, para dizer que, menos dos quarenta anos, na vida ordinária de qualquer país, compreende elevados custos de amadurecimento, que quase sempre, são de consequências extensíveis, ao longo de uns sucessivos anos… Pois, tinha que ser. A memória do leitor como um guineense, foi portanto buscar o infalível bom exemplo do caso cabo-verdiano. Mas permita-me lembrar-lhe que, Cabo Verde foi feito um território, e está a ser feito um país, enquanto que Guiné-Bissau fez-se um território, e está-se a fazer um país. São daquelas tais justificações do costume? E as elevadas consequências duradouras por ultrapassar? Essas não devem contar?… Está a ver agora, que já é tempo de começarmos a considerar essa realidade comparativa, noutro prisma.

Sejamos realistas, mas com ponderação quanto baste, e pacientes demais.

Com o protagonismo militante de alguns, e com a omissão acanhada de outros, permitimos que este espaço se degenere numa espécie de arena lamacenta, para difamação alheia, onde o louro implica sujar o adversário até esse não aguentar mais e tombar, de seguida, ainda  arrasta-lo através dos cabelos, para um impiedoso assassinato de carácter.

Os grandes homens não se fizeram valentes, pontapeando aos que por infortúnio, tombaram pelo caminho, mas sim, estendendo a mão aos impotentes, durante a caminhada.   

Facto incontornável, é que no decorrer desses anos de sucessivas batalhas no ciberespaço, ganhámos com clareza, na expansão e na expressão, mas também de mesmo modo, por culpa de certos entusiasmos, em doses excessivos, perdemos, e de que maneira, na qualidade e na credibilidade. Não podemos continuar a desperdiçar o precioso capital de respeito conquistado com os bons anos de muita dedicação, algum sacrifício, e salutar coragem de todos, não obstante cada um de nós, mediante as suas capacidades, e mediante as suas disponibilidades. Sem esquecer também os participantes residentes no território nacional, que têm revelado demasiado interesse, apesar das dificuldades que encontram, na providência do acesso aos limitados meios informáticos.

É necessário voltarmos a pensar este autêntico santuário virtual para os fieis internautas, como um lugar de exposição de ideia das pessoas, e não de exposição da pessoa das ideias.

É necessário voltarmos a pensar este espaço, como um lugar de exposição dos diferentes pontos de vista, sobre os nossos emaranhados problemas, oriundos de pessoas com origens diferentes, e de nacionalidades diferentes; oriundos de pessoas com formações culturais diferentes, e com níveis académicos diferentes; oriundos de pessoas com ideologias políticas diferentes, e de ambições políticas diferentes; e numa menção redutora, oriundos de pessoas com interesses económicos diferentes, e de estatutos sociais diferentes.

É necessário voltarmos a pensar este espaço, como um lugar de debates, com base na cidadania participativa, no civismo universal, e na tolerância democrática.

Temos que ser capazes de recolocar a importância outrora conquistada por este espaço, na função que apesar de tudo, ainda continua a desempenhar.

Temos que ser também capazes de voltar a crescer, como elementos íntegros, duma sociedade com conhecidas dificuldades, mas no sentido da democratização, para assim acompanharmos o desenvolvimento deste importante instrumento de poder. E para isso, bastará submetermos todos, com humildade, às simples regras da boa educação.

Falei em importante instrumento de poder, por isso quero também lembrar que, caso não conseguirmos ficar à altura de utilizar essa potente ferramenta com discernimento, como consequências contraproducentes, num curto prazo, podemos ser conduzidos a um total descrédito público.

Chegado aqui… Raios! Peço desculpa. Foi o meu filho de seis anos, que naquelas traquinices próprias da idade, desligou o cabo de alimentação do computador. Mas nada assim de preocupante, porque entretanto, a abençoada evolução tecnológica permitiu o salvamento integral do texto.

Estava eu a dizer que, chegado aqui, na sequência também, duma sentida conversa, com uma das poucas e mais distintas colaboradoras deste espaço, (tantas as saudades) pretendo lançar aqui, na esperança de pelo menos extrair algum sucesso, um forte apelo à todos os outros colegas, sem qualquer excepção, e seja qualquer que fosse o móbil da retirada, para que reconsiderem as suas posições, e pensarem na utilidade das suas bem estudadas opiniões, como enaltecidos contributos que sempre foram, para a mais que urgente mudança de mentalidades, na nossa sociedade. Eu vou fazendo o mesmo, sempre que as circunstâncias assim o permitirem.

Para com esta página, fico a dever uma eterna gratidão. Ao seu criador em primeira instância, aos colaboradores, aos comentadores, e aos simples leitores, que com a fidelidade nas preferências, prestaram uma valiosa contribuição, para a sua ampla popularidade.

Se um dia, por qualquer motivo, esta assembleia virtual desaparecer, sem dúvidas que da sua memória, constará uma fracção significante, do meu percurso, como cidadão auto mobilizado. Até porque no final de todos os ajustes de contas, persistirá sempre, o mais nobre de todos os nossos propósitos, que é o de enfrentarmos em comunhão de esforços, a soma dos obstáculos que teimam surgindo, por vezes, adoptando algumas caras conhecidas, no caminho da nossa locomotiva, rumo ao desenvolvimento sustentado.

Mais do que pregar sem poupar nas palavras, os ensinamentos de Amílcar Lopes Cabral, importa praticar sem poupar nos actos, os ensinamentos de Amílcar Lopes Cabral.

Ups! Acho que acabei por produzir um texto de conteúdo temperado com alguns traços violentos. O leitor não acha? Certeza? Não quer reler tudo? Mas pronto, poderá ser desculpável. Afinal foi no intuito de contribuir para um combate que se pretende pacífico, contra as variadas formas de exteriorização da violência, encerrada na nossa sociedade.

À todos os jovens estudantes guineenses, e em particular, ao Rui Sami, a trabalhar e frequentar uma das escolas de Bissau, os meus votos de acesa esperança, muita saúde, longa vida, coragem e determinação. Que um dia encontrem momentos felizes, debaixo das sombras dos vossos elevados sacrifícios, numa convivência familiar e profissional, onde poderão finalmente suspirar um profundo alívio, e para todo o sempre, orgulharem-se perante os vossos filhos, como elementos feitos, duma sociedade guineense, em franco progresso!

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar

Flaviano Mindela dos Santos

Em resposta a essa minha manifesta crítica, Fernando Casimiro, na posição de administrador do espaço em causa, escreveu na secção Editorial, o seguinte:

 CONVERSANDO

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

23.08.2010

Com o devido respeito e consideração que tenho por todos quantos têm participado directa ou indirectamente neste grande empreendimento e aos leitores em geral, quero esclarecer o seguinte:

Ao longo de 7 anos convidei e tenho convidado pessoas a darem os seus contributos ao país, escrevendo no nosso site www.didinho.org

Ao longo dos anos, são já muitos os que, não por convites endereçados, mas por “contágio”, por motivação do trabalho produzido no site www.didinho.org decidiram contribuir com as suas ideias, opiniões e experiências para a mudança de mentalidades que se pretende nos guineenses.

Quem escreve no site www.didinho.org não o faz por obrigação e nem é condicionado a nada, para além do nome próprio e fotografia, regra geral para a publicação de artigos.

Quando alguém decide escrever para ser publicado no nosso site fá-lo livre e conscientemente, no período que achar oportuno e durante o tempo que assim o entender!

Quando alguém decide deixar de escrever no site www.didinho.org , fá-lo igualmente de livre vontade, quando bem entender, durante o tempo que entender, sem ter que dar satisfações ao Didinho!

Apenas aos coordenadores dos espaços temáticos se estabeleceu um princípio de publicação de 1 artigo por mês!

O que quero dizer é que muita gente, quando fulano deixa de escrever, a primeira conclusão que tira é que o Didinho, qual ditador, “correu” com fulano do “seu” site…

Endereçam-se mensagens pessoais às pessoas que deixaram de escrever, inventa-se uma série de suposições sobre o Didinho, mas não se tem a coragem, o respeito e a consideração para, ao menos, tentar, de igual forma, obter junto do Didinho, respostas sobre questões desta natureza.

É bom que se saiba que cada um engaja-se nesta luta conforme a sua disponibilidade. Não tenho mais tempo útil que ninguém; escrever não é a minha actividade profissional/laboral; tenho dificuldades de toda a espécie na vida como qualquer outro, mas nunca deixei de escrever e, muito menos, de editar e publicar todos os trabalhos que me chegam diariamente!

Ninguém dá conta que o Didinho também pode adoecer, que o Didinho não tem férias e já lá vão muitos anos, mas como o site está sempre actualizado, não se dá conta do trabalho produzido dia e noite.

Porém, basta alguém deixar de escrever, sabe-se lá o porquê, que, com toda a certeza vos garanto que nada tem a ver com o Didinho, para que se demonstre solidariedade com quem deixou de escrever, como se as razões directas de alguém ter deixado de escrever tivessem algo a ver com algum suposto mau feitio do Didinho…

O respeito recomenda-se e se sempre fui transparente com as pessoas gosto que as pessoas se relacionem comigo de forma transparente!

Não há indispensáveis no site www.didinho.org!

Conhecemo-nos, sabemos, por experiência acumulada, mas acima de tudo, por convivência, o que motiva ou desmotiva cada um que escreve ou resolve deixar de escrever no nosso site!

Como sempre disse, não tenho “alas”, o meu partido é a Guiné-Bissau, por isso, compreendo e respeito todos aqueles que pensam diferente e, por via disso, não se identificam em determinados períodos com os meus posicionamentos críticos em relação aos diversos poderes existentes na Guiné-Bissau, deixando por isso de colaborar com o sitewww.didinho.org.

Respeito as convicções de qualquer um e peço, em retribuição, respeito pelas minhas convicções!

Há espaço, muito espaço para todos os guineenses pensarem e decidirem o que fazer, como fazer, se em grupo ou de forma pessoal e quando, para ajudar a resolver os problemas da Guiné-Bissau!

Que se deixe de fazer juízos equivocados sobre a minha pessoa quando alguém deixa de escrever no sitewww.didinho.org pois ninguém tem razões para isso.

Nos dias que correm há muitos blogues e sites sobre a Guiné-Bissau, mas não se vê abertura para que outras pessoas publiquem nesses blogues e sites, as suas opiniões, provavelmente por questões de protagonismo.

O site www.didinho.org está aberto a todos, porque o Didinho não é dono da verdade nem do conhecimento; nem pode, sozinho, sensibilizar e consciencializar os guineenses!

Muitos deixaram de escrever, mas a nossa obra não acabou!

Como se costuma dizer: “SÓ FAZ FALTA QUEM CÁ ESTÁ!

Peço desculpa se feri sensibilidades, mas reclamo por respeito!

Obrigado pela atenção.

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Fernando Casimiro

Um dos também como eu, colaborador na altura, Gustavo Gomes, preferiu,  numa visão diferente, satirizar a sinceridade da minha preocupação de seguinte maneira:

DAS MENTIRAS AO FUNDAMENTO DA MENTIRA

Gustavo Gomes

gustavo.gomes69@gmail.com

30.08.2010

 Comungo com os que congratulam e reconhecem este Contributo como sendo um caldeirão  polivalente e pluri aberto aos guineenses. Tornou-se um intransigente defensor do mútuo e democrático direito de expressão, para debate de  idéias  e propostas sobre nossa Pátria e nosso povo, com Liberdade, responsabilidade, civilidade, moderação e espera-se que, também com imparcialidade e sem subterfúgios, ainda que, com algumas  infelizes “polêmicas de bolso ”. 

A  “verdade “ de hoje pode ser a “mentira” de amanhã?  A “mentira” tem pernas curtas?  A “mentira” repetida milhares de vezes,  pode começar a ser  “acreditada” como “verdade”?   “Subrepticiamente” podemos transformar “mentiras” em “verdades”?, Quiçá absolutas?

Deixo estes eternos questionamentos da humanidade para os mais habilitados que eu para  desenvolvê-las.

A verdade para mim é o incessante questionamento em busca de uma resposta que atenda e satisfaça a todos o requisitos  de comprovação, de imparcialidade, de lógica e de factibilidade. Talvez por isso deixei há muito tempo de acreditar que é o Pai Natal que nos trazia as prendas. Sempre questionei porque as crianças pobres e “boas” também não recebiam  prendas “caras”?

Independente de me acharem um ingénuo, teimoso ou hipócrita, não abro mão de expor à apreciação dos outros, os meus pontos de vista, ou questionamentos para que contestem, critiquem , execrem, mostrem, demonstrem  e esclareçam onde estejam meus equívocos, com civilidade é óbvio, ao invés de enveredarem pela ofensa à minha progenitora, à minha familia ou à minha pessoa.

Tenho consciência de que nasci com  a “mente vazia”, com o tempo e o aprendizado pretendo  transformá-la em  uma “mente  aberta”.

Quem escreve, sabe que, do outro lado estarão atentos e minuciosos leitores, aptos a perceberem desde erros gramaticais, até incoerências, incongruências, ou vergonhosas,  indecentes  e fingidas imparcialidades.  Isso é muito bom  e obriga-nos a discernir e compreender que é muito ténue a diferença entre a auto-confiança, e a arrogância e  inverdade.

Já que reconheço que temos neste espaço o direito de contestar e de ser contestados, trago 3 itens que entendo estarem na  vertente do tema deste artigo.

1 – Tenho afirmado que no alto dos 35 anos de nossa dita independência do jugo colonial, os  lamentáveis desígnios de nosso País , estão e sempre estiveram em mãos de uma quadrilha governativa, articulada, dissimulada, matreira a servir-se do País e não a  servir ao projecto maior de construir e dotar o País  com o funcionamento de efetivas (não farsas) instituições soberanas  ainda que o fosse  de  forma paulatina , lenta, gradual e firme. Os 3 anos iniciais de independência não seriam suficientes?

Nossas peculiaridades vão dos previsíveis, fuzilamentos em massa, golpes de Estado, assassinatos, impiedosas perseguições, e, aí sim a verdadeira vergonha ! Tudo de forma impune.  Não me servem as inúmeras desculpas esfarrapadas (algumas esvaziaram-se com o tempo) ou de que, 35 anos seja um curto tempo para que se esperasse mais. Cabo Verde tem menos tempo de Independência, e além do território, a população vive num amadurecido Estado de pleno Direito com Instituições representativas soberanas e democráticas a funcionar. Ou não?

2 – Sim, podemos e devemos expressar nossa crítica, revolta,  contra pessoas ou instituições, mas, sempre e sempre de forma civilizada e moderada (sem palavreado indecoroso, ofensivo ou preconceituoso), informando os factos, actos ou discurso que nos  indignou e, se possível o quê e ou como poderia ser diferente e alertar e esclarecer sobre quais consequências podem advir.  Deste modo, presta-se uma possibilidade àquela pessoa atingida, seus familiares e ou instituições, de reflectirem e quem sabe redimirem-se, desculparem-se,  reverterem ações ou apresentarem convincentes esclarecimentos.  Caso contrário prevalece o “quem cala, consente”.

Lamentavelmente sabemos que o império da impunidade impede ou dificulta as pessoas de darem-se mãos para demandarem a  (isso sim importante )  implementação e funcionamento de democráticas instituições de investigação,  julgamento e punição de culpados. 

No entanto, alegar que seja insensível para com as familias, “violento” ou detrator, quem critica criminosos ou os coniventes com o crime, é negar-se o diálogo.  É induzir-se ao silêncio. Com que intuito se esquece de cobrar com igual veemência  uma  postura de “justiça” dos perpetradores dos crimes e também  de seus familiares para que compreendam o sofrimento e a dor dos familiares das vitimas. Até porque, existindo verdadeira justiça os caluniadores  os divulgadores de inverdades, não ficarão impunes.  Não é?

3 – Doa a quem doer, o Contributo em raras excepções tem sido um divulgador das pessoas  das ideias ao invés de divulgador das ideias das pessoas. Neste espaço tem-se também a propagação de eventos culturais, esportivos e de convívio social. Temos lido  igualmente ideias de modernos conceitos educacionais, sugestões para incremento do turismo, esclarecimentos úteis para implementação na área de saúde, exposição de programas para o retorno de quadros na diáspora, projectos sobre agricultura, apresentação de escritores, poetas, ensaístas. Temos  Juristas  e seus esclarecimentos, Empreendedores, activistas, sindicalistas  a trazerem-nos suas experiências e demandas,  etc. etc. Ou será que não?

Gustavo Gomes

Flaviano Mindela dos Santos

MESMO NA PRIMAVERA, FACTOS SÃO FACTOS #02

Nota prévia: A partir de agora, quero vos alertar, no sentido de dispensarem uma especial atenção, a todas as datas, como partes integrantes dos elementos que passo a apresentar, nesta e nas três seguintes publicações, para o vosso esclarecimento, de maneira mais satisfatório possível!

O meu primeiro contacto com Fernando Casimiro, aconteceu através do extinto sítio cibernético: africanidades.com, que foi criado e, então administrado por Karan Dabó e o entretanto falecido Watna Almeida, onde nós os dois, como outras mais pessoas, participávamos nos debates, expressando livremente as nossas opiniões, sobre os diversos problemas, que infelizmente ainda concorrem na frustração do merecido desenvolvimento do nosso país, quando um dia, fiz questão de o dirigir uma mensagem particular, o que era possível fazer nesse espaço, para dizer o quanto agradava-me partilhar os seus pontos de vista, em relação aos diferentes assuntos abordados. Da sua formulada resposta, começou assim, o aproximar dos nossos contactos, para seguirem outras formas de contacto, sempre no princípio de que, comungávamos os mesmos valores, em defesa de uma causa comum.

PRIMAVERA #02

Na concretização de uma ideia melhor, Fernando Casimiro optou por avançar com a criação do projecto: CONTRIBUTO, um espaço virtual mais abrangente, mais estruturado, mais dinâmico, também dedicado ao tratamento dos assuntos da Guiné-Bissau, onde com uma assiduidade patriótica, passei a colaborar, até que uma vez o convidei para a inauguração de uma exposição de quadros pintados por mim, no Instituto Franco-Português em Lisboa, e foi a partir dessa ocasião, situada numa das longínquas jornadas do ano 2003, que passá-mo-nos a conhecer pessoalmente.

Aos que, como facto, não o conheceram, dou a conhecer, o artigo que um dia escrevi, sobre um certo momento de activismo virtual do Fernando Casimiro, acompanhado da sua respectiva reacção a esse meu reconhecimento, e que pela preferência dele como administrador e da minha pronta concordância, publicou-se e, ainda está, não na secção Nô djunta mon, onde estão os outros artigos meus, mas na secção Editorial do sítio cibernético: http://www.didinho.org:

AO ACTIVISTA DOS TECLADOS

Por: Flaviano Mindela

02.04.2007

Antes de mais, queira desculpar-me o facto de, no momento da decisão de lhe prestar esta modesta homenagem, através duma carta aberta, ter-me também ocorrido a ideia de lhe atribuir esse caricaturado nome, que acabou por ser o título do “artigo”. Caro Didinho, para quebrar a tendência de que, os milagres do santo da casa não são para pregar, não quis deixar passar esta oportunidade, sem lhe agradecer e, ao mesmo tempo, felicitá-lo. Isto tudo porque, agora mais do que nunca, todos os guineenses, mesmo os voluntariamente cegos, acabaram por descobrir, através desta inquestionável tentativa da Presidência da República, de desvalorizar uma inequívoca deliberação da Assembleia Nacional Popular, para nos livrar de um Governo que tem entre os seus membros, alguns dos elementos mais incapazes, e cronicamente corruptos, da nossa sociedade; qual é o factor primordial, de quase todos os nossos problemas. Começou muito cedo, com uma admirável frontalidade, apontou os alvos para essa luta, cuja, a que poderá ser a principal vitória, está em vias de se concretizar, felizmente, com a fileira mais numerosa, e mais convicta, graças também à sua contribuição. Começou muito cedo, combatendo ferozmente em cada batalha, mesmo quando alguns, inclusive eu, a não concordar com o que achamos ser excessivo. Começou muito cedo, sacrificando o seu escasso tempo, assim como o seu precioso orçamento familiar, para assegurar aos seus companheiros de luta este indispensável espaço. Definitivamente, o seu pioneirismo motivou o aparecimento de mais, e melhores vozes, mesmo sendo algumas delas naturalmente divergentes, para o bem e para o mal, que vieram contribuir para os diversos debates já travados, e que continuarão a ser travados no devido espaço. Quero destacar o espaço “Nô Djunta Mon”, onde tenho lido e guardado alguns dos seus artigos, e de alguns dos autores como: Francelino Alfa, Inácio Valentim, Djodji, Djiudigalinha, Alin Li, Cancan e outros, que quanto a mim, foram autênticas lições para a posteridade. As grandes obras, são as que conseguem ultrapassar os seus respectivos obreiros. Caro Fernando Casimiro, esse seu CONTRIBUTO, é para já uma grande obra, a prova que tenho disso, é justamente a certeza que também tenho de que, ele contribuiu para esse extraordinário abanão das consciências dos que, pelos vistos, pretendem ser realmente deputados duma Nação Guineense. Caro compatriota, quero reafirmar-lhe o orgulho que tenho sentido, por ter identificado com, e acompanhado essa sua luta, apesar de reconhecer a minha insuficiente dose de coragem para expor algumas ideias minhas, como você o faz em relação às suas. Termino desejando-lhe profundamente, muita saúde, e uma longa vida. E que as próximas gerações se dignem lembrar de lhe atribuir um lugar entre os que vão combatendo pela plena instauração dum irreversível regime democrático na futura Guiné-Bissau.

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar. 

Caro Flaviano Mindela,

Estamos juntos nesta luta há já uns anos! Começamos no “Africanidade”, lançando ideias e promovendo debates sobre a Guiné-Bissau. Tornamo-nos amigos e não mais me esqueci do dia em que me convidaste para assistir à exposição em que participaste com as tuas obras de arte, no Instituto Franco-Português de Lisboa. Temos estado a trabalhar por uma causa: A GUINÉ-BISSAU POSITIVA no sentido mais abrangente da afirmação para a nossa terra! Este percurso, esta forma de lutar, de contribuir com o melhor de nós mesmos sem esperarmos receber nada em troca só tem uma designação: Missão! Quero agradecer-te pelas palavras simpáticas e encorajadoras que me dirigiste. Quero dizer-te que por vezes torna-se mais fácil criticar do que elogiar o trabalho de alguém. O teu gesto, a tua iniciativa manifestada nesta carta é, para mim, um acto de coragem e de elevação. Como costumo dizer: Vamos continuar a trabalhar, pois quanto mais fazemos, mais vemos que falta fazer… Um abraço

Didinho

02.04.2007

www.didinho.org

Flaviano Mindela dos Santos

MESMO NA PRIMAVERA, FACTOS SÃO FACTOS #01

Porque considero infundadas as insinuações do Fernando CasImiro, reveladas em consequências do confronto de palavras que aconteceu na minha página pessoal no facebook, a força das circunstâncias recomendaram-me voltar, para excepcionalmente interromper esse período indeterminado de paragem neste espaço, para com uma série de cinco publicações, com intervalo de quarenta e oito horas entre elas, procurar facilitar, no que acabou por se tornar necessário, e melhor esclarecimento, sobre o motivo da minha ruptura com o projecto CONTRIBUTO, que mais tarde transformou no sítio cibernético: didinho.org, um dos espaços virtuais de referência, no que respeita aos assuntos da Guiné-Bissau, fundado e administrado pelo mesmo, onde, (só para informação dos que disso não souberam) fui colaborador.

PRIMAVERA #01

Assumo avançar desde já, conforme deverão concluir depois de conhecerem melhor os dados, que, as divergências nos posicionamentos, não foram na base de conveniências, conivências, cumplicidades ou interesses pessoais de cada um de nós, mas sim, na base do natural carácter, de cada um de nós!

A virtualidade passou a fazer parte real, das nossas vidas, porque através dela, mesmo nos casos em que o contrário desejarmos, dá-mo-nos a conhecer, às pessoas, e por outro lado, ficamos a conhecer pessoas. De uma maneira ou de outra, temos então que com essa ferramenta moderna lidar. E eu que, sempre dentro dos limites das minhas capacidades e competências, um dia escolhi aproveitar a ampla difusão que esse meio informático nos proporciona, para também empreender uma luta, em defesa dos valores os quais aprendi serem  essências, para uma convivência progressista nas sociedades, nesse dia, assumira assim, todos os possíveis inconvenientes relacionados. Logo importa clarificações, sempre que certas ocorrências provocarem equívocos. Sobretudo, quando está em causa a dignidade pessoal e familiar.

 

Flaviano Mindela dos Santos