FARMÁCIAS PARA ADOECER E OUTRAS COISAS NOSSAS

A natureza humana tem no primado, tal como todas as outras espécies partes do planeta terra, a pura sobrevivência, e no seu caso humano, esse fenómeno, embora despercebido nas sociedades mais avançadas, é mesmo a base, de todos os valores civilizacionais. Tanto assim é, que essa imperatividade ganha mais relevância, a medida que, nas sociedades, perde-se nas perigosas armadilhas do individualismo, em detrimento do colectivo.

MEDICAMENTOS À CÉU ABERTO

Nas principais praças pelo país todo, proliferam cidadãos inúteis, que escolheram vegetar entre o povo, como vendedores ambulantes de medicamentos para todos os milagres, num claro aproveitamento da total ausência do Estado, que, para além de faltar com o seu dever em zelar pelos cuidados de saúde, como um bem público fundamental, permite tudo, aos citadinos mais diabólicos, nos seus infinitos intentos, para assim sobreviverem, mesmo que isso signifique envenenar, e lentamente, matar os que, movidos pela ignorância, sem alternativas viáveis, recorrem a eles, para adquirirem fármacos de origens com credenciais inexistentes, impróprios para um sem fim de doenças, que concorrem nos problemas do nosso consentido subdesenvolvimento. Mas aqui distante e impotente, julgo que o pior de tudo isso, é a verdade de que, numa hipótese tanto remota, como alguma vez conseguirmos prosperar com a exploração das nossas potencialidades petrolíferas, é o facto de, mesmo se um dia, algum desses abomináveis vendedores for apanhado, e armar-se em esperto, exigindo convenientes indícios criminais, as nossas autoridades não poderão de todo, contar com laboratórios de peritagem, como meios adequados, para provarem a assustadora abundância de substâncias, supostamente médicas, e adulteradas, que constantemente são transaccionadas, em todo território nacional. E mais… Será que com as famigeradas dificuldades nossas, no que diz respeito ao basilar aprovisionamento dos recursos energéticos, as várias farmácias, conquanto legalizadas, conseguem garantir o delicado processo de conservação, e devida comercialização dos produtos médicos? Ou será que estamos perante casos e casos, para lembrarmos que as desgraças andam sempre muito mal acompanhadas?

Temos que descobrir pelos nossos próprios caminhos, que, a descarada aposta no individualismo, só nos tem reduzido, e vai nos reduzindo, cada vez mais, à condição abaixo do animal que somos, para tornarmos devastadores perigosos, da nossa própria essência, e de tudo, a volta dos nossos necessários relacionamentos diários.

Dure o tempo que durar, de nada valerá dinheiro algum, quando do seu ganho, sofrem tantas pessoas, e bastante indefesas.

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA SUI GENERIS

Com uma coragem excepcional, na testa de um movimento contra o último dos vários assaltos ao poder na nossa terra, que nos dias, ficou mais de que confirmado, que tem como objectivo principal, a delapidação do sempre parco dinheiro público, por alguns, e condenar a grande parte da população, à profunda miséria, o dirigente político, Iancuba Djola Ndjai, foi brutalmente espancado. Com muita sorte, sobreviveu, e evacuado para tratamento no estrangeiro. Agora, encontrando-se completamente recuperado, conforme todos os pareceres médicos, decidiu convocar uma conferência de imprensa, com a justificação na necessidade de agradecer entidades individuais e colectivas, que o apoiaram durante os piores momentos, quando pode agradecer de forma mais discreta possível, e directamente, todos os que de boa vontade, o quiseram ajudar, tendo em conta também, que nem todos gostam de agradecimentos publicitados.

Mas são mesmo assim, os políticos da nossa terra. Lidam com sérias dificuldades, em separar a actividade política, da vida particular. E quase nunca perdem oportunidades para capitalizarem acontecimentos esporádicos, a pensarem na subida da popularidade, e nos preciosos números de votos, ainda que isso signifique desconsiderar uma simples solidariedade, de carácter humanitária.

MULHERES DO PODER

Lançou-se uma plataforma política feminista, para a promoção de mais acesso das mulheres aos órgãos decisores no país. De algumas caras na frente da iniciativa, e pelo vazio do curriculum construído, fartos estamos nós de saber, que o poder deve servir interesses exclusivos das poderosas. Entretanto, porque as diferentes vertentes do poder não se reclamam, carecem sim, de competentes e permanentes conquistas, esperemos que, uma vez mais lugar nos órgãos do poder conquistados, com as lições no presente, bem patentes, esta nova onda, sirva de facto, os genuínos interesses, de todas as mulheres guineenses. Sobretudo, as que com altos sacrifícios, têm assegurado a sobrevivência das respectivas famílias, na sua conhecida extensibilidade, entre nós, e até, muitas das vezes, substituindo nas suas principais funções, o nosso próprio Estado.

Flaviano Mindela dos Santos

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